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Os antigos contam que existia um orixá conhecedor de todos os segredos das ervas. Ele tinha o dom de manipular as folhas, curar qualquer doença e cicatrizar todas as feridas. Contudo, essa divindade não gostava de compartilhar os seus segredos e guardava todas as suas poderosas ervas dentro de uma cabaça. Por essa razão, em uma atitude de revolta e necessidade, outra divindade usou do seu domínio sobre os ventos para abrir e compartilhar, com todos os orixás, a sabedoria que estava presa dentro da cabaça.

Para muitas pessoas, o conhecimento sobre as religiões afro-brasileiras ainda está aprisionado dentro de uma cabaça. Uma cabaça que pode ser feita de preconceitos, intolerância e, até mesmo, falta de interesse. Mas a sabedoria presente no culto de orixás, vinda da África nos porões insalubres dos navios negreiros e repassada a custo de muito sofrimento, integra fortemente a identidade do Brasil. Práticas comuns como as benzeções e o uso medicinal de folhas e raízes têm, parte da sua influência, advindas do conhecimento africano. Elementos consagrados de nossa cultura, como o samba, o carnaval e a culinária, também beberam na água sagrada do culto aos orixás.

As religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, são fontes riquíssimas de informações e sabedoria sobre a filosofia, a medicina e a cultura da África. Grande parte desse conhecimento só é repassado boca a boca, respeitando a tradição da oralidade, essencial no culto aos orixás.  É a tradição oral que mantém vivo o movimento das religiões de matriz africana: o ato de sentar para contar aos mais novos, que depois contarão aos seus mais novos e assim por diante, as histórias (itans) dos orixás. Criando uma dinâmica que pode até provocar mudanças nas narrativas desses itans, mas nunca em suas essências.

Como o conteúdo da cabaça, muitas práticas e ritos presentes nas religiões afro-brasileiras são segredos, mas isso não significa que não se possa tratar dessa temática respeitando o segredo do sagrado. Acreditamos que faz-se necessário reconhecer a importância que a cultura do Outro tem na formação da identidade brasileira, e esta obra caminha nessa direção. Ela apresenta ao público diversos elementos fundamentais das religiões de matriz africana. Os itãs, com as histórias de orixás que, metaforicamente, enfrentam problemas, situações e dilemas universais e atemporais. E, também, as cantigas e as ervas, que são elementos fundamentais do culto aos orixás. Por fim, são ainda disponibilizados conteúdos adicionais para os leitores que desejarem aprofundar no belíssimo e misterioso mundo dos orixás.  

Como brisa de vento que, pacientemente, molda a solidez da pedra, esta obra busca ser o motivo para o contato inicial de muitas pessoas com a cultura afro-brasileira. Ela empreende abrir, mesmo que em certa medida, as cabaças de preconceito que muitos carregam e, assim, ajudar a reconhecer a importância que as práticas religiosas afro-brasileiras tiveram e ainda têm na composição socioeconômica e cultural dessa sociedade.

Noite de Lançamento

O projeto que gerou o livro impresso e e-book sobre folhas e religiosidade afro-brasileira contou com parceria da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Uberlândia, por meio de sua Assessoria Pedagógica, na pessoa do professor e coordenador Adalberto.

 

Foram entregues exemplares impressos do livro para todos os gestores da educação municipal de Uberlândia na abertura da Semana Pedagógica do Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais – Julieta Diniz, o CEMEPE.

 

No contexto da Semana Pedagógica, no dia 05 de julho de 2018, a equipe ainda ministrou uma oficina sobre o conteúdo do livro e os professores e professoras presentes puderam debater estratégias para aplicação da lei 10.639/2003 em sala de aula, tendo como as folhas e a oralidade afro-brasileira.

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